Me inspirei a escrever esse texto pensando tanto nos adolescentes quanto nos adultos.
Os assuntos da mente sempre me instigaram e intrigaram, um forte motivo que me levou a escolher a profissão de psicóloga.
Talvez um pouco tardiamente pensando nos padrões de linearidade, embora acredito eu que foi no tempo certo, no meu tempo! Quando tinha que ser.
Ter demorado para "cair a ficha” em relação a minha escolha profissional me fez percorrer caminhos que me ajudam na compreensão de onde é capaz de ir uma mente que sente perdida.
É nesse ponto que entra o quero falar da saúde mental. Vem comigo!
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS):
Saúde mental refere-se a um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade.
O que seria então uma pessoa em sofrimento mental?
O sofrimento mental pode ser passageiro, uma fase, seja por fatores externos ou conflitos internos, mas também pode ser em decorrência de um transtorno diagnosticado ou não. O sofrimento mental pode acontecer em diferentes níveis de gravidade.
Um indivíduo considerado "normal" sem transtorno algum pode sofrer mentalmente, seja por "coisas da vida" como perdas, dúvidas, frustrações, traumas, quebra de expectativa, rompimentos. O que é saudável e humano.
Como também pode sofrer por toda a vida em decorrência de uma personalidade imatura: dificuldade de lidar com a frustração, carência excessiva, baixa autoestima, excesso de insegurança e necessidade de aprovação.
E esse segundo exemplo não é nada incomum. Quantas pessoas sofrem, ou vivem a base de remédios devido a uma personalidade que não foi desenvolvida?
Não raro, são pessoas estudadas, reconhecidas, que tem sucesso acadêmico e nos negócios. Qual a explicação disso?
Simples! O desenvolvimento emocional não anda junto com o desenvolvimento intelectual.
Veja só: no ambiente acadêmico aprendemos as disciplinas, matemática, português, literatura, física, química, biologia, etc. Com o objetivo de passar no vestibular e ter "um bom futuro".
Na família, teoricamente são transmitidos os valores como empatia, honestidade, educação, como também são repassadas as tradições, e as vezes talentos e habilidades como música, esportes, comunicação.
E com isso fica faltando uma peça importantíssima para o desenvolvimento emocional.
Aliás, uma peça não, mas uma base, uma pedra fundamental para uma experiência positiva nesse planeta: O AUTOCONHECIMENTO.
A falta do autoconhecimento é um fator amplamente relacionado a uma saúde mental enfraquecida e o sofrimento emocional. Claro que as vezes situações especificas como traumas, perdas, rupturas importantes são causadoras do sofrimento sem que tenha relação com o autoconhecimento.
O autoconhecimento não é somente sobre saber seus pontos fortes, vulnerabilidades, gostos. Vai muito além disso.
É também sobre saber o que te move, onde você quer chegar, o que te motiva, o que te faz brilhar os olhos e arder o coração.
O vazio interior, o sentimento de estar perdido vem de uma falta de motivação, de interesse na vida, de perspectivas porque não tem objetivos claros. Então vai vivendo um dia após o outro sem rumo, sem desejos, sem objetivos. E isso pode culminar em uma depressão.
Mesmo tendo tudo. Mesmo tendo uma boa família, amigos, bens materiais, viagens, etc.
O sentimento de estar perdido em si não é algo ruim ou negativo embora seja desconfortável. Eu acredito que em algum ou mais momentos da vida é normal que aconteça, como parte da evolução individual.
Mas a questão é: o que fazer com isso? Ir vivendo um dia após o outro porque a "vida quis assim" ou vasculhar nas profundezas até encontrar o tesouro escondido?
Gosto dessa frase de Carl Jung:
"Para a copa da arvore atingir o céu, a raiz precisa atingir o inferno."
Embora o termo inferno seja forte simboliza os terrenos pantanosos e assustadores da nossa mente, que uma vez explorados e reconhecidos deixam de ser assombrados e nos possibilita encontrar os tesouros escondidos.
Afinal, onde entra o Propósito?
Comecemos pela etimologia da palavra. Propósito tem origem do latim PROPONERE, “declarar, colocar à frente”, de PRO-, “à frente”, mais PONERE, “colocar, pôr”.
Agora, o significado de acordo com o dicionário Michaelis
1 Intenção de fazer ou deixar de fazer alguma coisa; desígnio, plano, projeto, vontade: Contou aos pais seu propósito de entrar para a vida religiosa.
2 Decisão após consideração e várias possibilidades; deliberação, resolução: Agora está com o firme propósito de se mudar para o interior.
3 Objeto que se tem em vista; meta, mira: Seu propósito agora é ser médico.
4 Bom senso; juízo, prudência, tino.
O propósito que discutimos aqui é, o que te move, qual seu desejo, o que te motiva. Não precisa ser algo fixo nem estático. O propósito pode mudar ao longo da vida.
O proposito não é algo místico, predestinado. Nem precisa ser uma única coisa.
Mas também não deve ser algo raso superficial como por exemplo, adquirir um determinado bem material.
Também não tem essa de ficar pensando e refletindo sobre o propósito para depois fazer algo sobre isso. Descobrimos o nosso propósito olhando para dentro, mas também através das nossas vivencias e experiências.
Por mais longe que você sinta que está em saber qual seu propósito nesse momento, já é um passo importante ter algum objetivo claro, mesmo que esse objetivo seja "se descobrir", ou a cura de algum mal físico ou emocional que esteja passando.
Viver sem objetivos, sem planos, sem desejos é abrir espaço para a depressão e sofrimento mental.
Muitos jovens e adultos sofrem e se sentem vazios, sem propósito, sem desejos e sem objetivos. E para isso, o AUTOCONHECIMENTO!
E o que tem a ver a carreira com isso?
Emprego, profissão e carreira são coisas diferentes. O emprego é uma atividade em troca de uma remuneração. Profissão é em que você se qualificou seja academicamente ou pela experiência.
Já a carreira é onde você realmente investe, se aperfeiçoa, se qualifica, trabalha seu nome, a carreira tem uma linearidade, um crescimento.
Você pode por exemplo trabalhar em uma loja para custear a faculdade de Direito, que é a carreira que você quer seguir. As leituras, cursos, e roupas que você investe já são pensando na carreira de advogada.
O trabalho pode ser uma forma de se expressar no mundo. De utilizar seus talentos, habilidades e, claro, exercer seu propósito!!
Não é mandatório que seja assim, e não trabalhar no seu propósito não significa que não será feliz, você pode exercer seu propósito em casa junto a família, comunidade ou em atividades paralelas.
Mas vamos combinar que é muito melhor unir o útil ao agradável, uma vez que passamos uma parte significativa do nosso tempo trabalhando.
E é gratificante ser remunerada por aquilo que fazemos de forma mais genuína e dentro do nosso propósito.
Lembrando que todo trabalho é uma forma de servir, e voltando para a definição de Saúde Mental da OMS, observe só:
Saúde mental refere-se a um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade.
Não posso concluir esse texto sem lembrar que o SENTIMENTO DE UTILDADE. O sentimento de contribuição é uma necessidade intrínseca do ser humano.
Conclusão: trabalhar em uma atividade na qual utilizamos nossos talentos e pontos fortes para tornar a vida do outro melhor e recebemos uma remuneração digna, é um importante fator para a boa saúde mental.
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Gisele Essoudry
Psicóloga e orientadora profissional
CRP 06118-106
Atendimento presencial e online
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