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Foto do escritorGisele Essoudry

Como saber se seu filho (a) está em sofrimento mental e como ajudar

Diz a lenda, que certa vez perguntaram a Freud, como criar filhos mentalmente saudáveis. E eis a resposta:


"Sinto te dizer, mas querendo ou não, a única certeza é de que você vai errar!"

Eu não sei para você, mas isso me soa libertador. Afinal, não existe fórmula para criar, educar filhos.

Aliás, a busca pela perfeição, seja em relação a maternidade, paternidade ou em qualquer outra área da vida, traz consequências negativas, como o sentimento de frustração e autocrítica por quebra de expectativas, tanto para você quanto para seu filho (a) simplesmente porque a perfeição não existe.

Vem comigo que te explico melhor...


A principal queixa dos jovens no consultório


Cada ser humano é único, com sua história de vida, ancestralidade, características físicas e de personalidade, pontos fortes, vulnerabilidades, sonhos.


E acredite, uma das principais necessidades do seu filho (a) é ser visto, ouvido e considerado como a pessoa individual que ele é. Mesmo que você não concorde com suas opiniões ou jeito de ser. Essa é uma das principais queixas manifestas ou não dos jovens que chegam no consultório.


Entenda porque isso acontece.


Não tenho dúvidas de que o principal desejo de uma mãe ou pai (de modo geral) é ver que seus filhos estão bem em todos os sentidos: saúde física e mental, amigos, lazer, estudos, que tem sonhos e projetos. Não é mesmo?

Acontece que é natural que os pais já criem expectativas em relação aos filhos desde a gravidez. Ou seja, até antes disso, desde o desejo de ser pais, mesmo quando se trata de adoção.


Já idealizamos o nome, a carinha, o sexo, as características de personalidade. E com isso, muitos pais tendem a enxergar o filho como uma extensão sua. Ou seja, aquilo que foge da idealização dos pais, não é visto ou não é aceito.


Mas atenção, não estou dizendo que você precisa aceitar tudo. Ao contrário, a criança, o adolescente precisa, necessita de limites. Limites significa proteção, cuidado e segurança. Mesmo que eles aparentemente rejeitem ou se voltem contra esses limites.


Não vou entrar agora no mérito do que seriam esses limites e a linha tênue entre o limite e o autoritarismo. Sugiro refletir sobre isso.


Porque precisamos falar de sofrimento mental?


Os noticiários estão aí, nos lembrando o tempo todo do quanto a população de modo geral está ansiosa, depressiva, ou sofrendo com outros transtornos. E infelizmente, muitos relatos de jovens e crianças que praticam automutilação e também suicídio. O mundo não está fácil...


Poderia ficar aqui discorrendo sobre os malefícios das redes sociais, o imediatismo, a comparação, a busca pelos padrões estéticos e pela popularidade.


Vejo muitos adultos dizendo coisas como "geração mimimi", "no meu tempo não era assim", etc.


Realmente vivemos tempos bem diferentes em todos os sentidos. Pandemia, redes sociais, bullyng (eu sei, já existia!) cyberbullyng, elevados padrões estéticos, mercado de trabalho mais competitivo.


E fora isso, as pessoas tem temperamentos diferentes. Algumas aguentam mais o tranco, parecem mais resistentes (embora as aparências enganam), outras sofrem mais com coisas que para você pode ser insignificante.


Uns são mais competitivos academicamente ou se saem muito bem nos esportes, outros já são mais artísticos ou mais tranquilos. Nem todo tem a mesma facilidade ou aptidão nos estudos. Mas muitas vezes essas diferenças não são consideradas pelos pais ou professores.


É aí que entra o olhar para o jovem como pessoa individual que ele é.


Atenção: Muitos adolescentes se sentem péssimos ou uma vergonha para os pais por não atenderem as expectativas. E isso é uma grande causa do sofrimento mental. Acredite!


Será que meu filho (a) está passando por sofrimento mental


Quem nunca passou por tristeza, se sentiu na fossa, ou sofreu uma grande decepção ou frustração?

Isso é absolutamente normal e faz parte da vida. Aliás, é importante para o próprio desenvolvimento que a criança, os jovens aprendam a lidar com momentos e situações difíceis, pois é o que vai promover o desenvolvimento emocional. Mas é preciso olhos atentos!


Muitas vezes o adolescente não vai dizer que sente isso ou aquilo. Pois ele pode achar que o desconforto é algo normal que ele tem que lidar. Ou ele não sabe nomear se o que sente é depressão, ansiedade, tristeza, vazio existencial, etc.


Alguns sinais que podem ser indicativos de sofrimento mental:


Isolamento – É normal que o adolescente prefira ficar mais sozinho no seu quarto. Mas preste atenção se está excessivo, e o que está fazendo enquanto está lá por longos períodos. Sinal de alerta se parou de interagir com amigos, familiares e se não está frequentando ou fazendo as atividades que gostava.


Alteração no apetite – Claro que é normal comer besteiras ou ter mais fome no frio ou mesmo que as meninas comam mais doces na TPM. Mas atenção aos exageros ou na falta de alimentação. Comer demasiado ou perder a fome pode ser indicativo de que algo não está bem.


Choro fácil – Chorar facilmente ou por qualquer motivo.


Perda de vitalidade – palidez, olheiras, falta de viço, olhar parado.


Inércia, desmotivação - falta total de vontade de fazer as coisas


Alteração no padrão de sono - sono excessivo, falta de sono, acordar várias vezes a noite


Irritabilidade excessiva – Normal a irritabilidade. Mas observe se não é excessiva ou se houve mudança de padrão.


Automutilação – Observe se estão usando roupas cobertas para disfarçar. A automutilação é claramente um sinal de sofrimento mental.


Claro que é necessário observar o contexto e não um fato isoladamente. E a persistência dos sintomas. Se for algo passageiro não há problema. Normal ficar mais tenso ou ansioso em época de provas por exemplo. Ou triste em um término de relacionamento.


Motivos que levam ao sofrimento mental:


Não há uma causa única ou um padrão. Não caia na armadilha de pensar que ele (a) tem tudo e não deveria estar sofrendo.

Sentimento de culpa, autocritica exagerada, comparações, rejeição social, problemas de relacionamento.


Muitas vezes eles não sabem verbalizar nem identificar o que está causando.


O que eu como mãe ou pai, posso fazer para ajudar?


Muitos jovens tendem a se fechar nas horas difíceis. E forçar a barra não é uma boa saída.

Mostre disponibilidade para conversar. Mesmo que seu filho (a) não esteja a fim, mostre que você está lá, está disponível e interessada. Ofereça a possibilidade de ajuda profissional com um psicólogo que tenha registro no conselho (CRP). Mas não obrigue ou force a barra.


O psicólogo competente vai encaminhar para avaliação psiquiátrica se for necessário. Muitas vezes não é necessária medicação.


A situação financeira não pode ser impeditiva. Existe a possibilidade de convenio, atendimento particular com reembolso, ONGs, faculdades, etc.


Chame seu filho (a) para fazer as refeições com a família, pelo menos uma, mostre o quanto aprecia e valoriza sua presença. Mostre se disponível. Converse não necessariamente sobre o sofrimento se ele não quiser falar, mas puxe outros assuntos, convide para almoçar, passear.


Incentive a fazer algo que ele (a) goste, sinta prazer. Arte, esporte, lazer. Mesmo que esteja em época de vestibular. Relaxar e descansar é necessário.


Incentive sempre o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.


Bens materiais e procedimentos estéticos


Eu entendo como o bem material, a roupa da moda, o corte de cabelo e uma correção estética podem fazer um bem para a autoimagem, e dar "um up". Mas isso é passageiro e momentâneo. Não é agir na causa.


Pois logo mais a insatisfação retorna. Por isso muitas pessoas são escravas de compras, cirurgia plástica e procedimentos. Você não estará ajudando de verdade sua filha assim.


Pais em terapia


É bastante comum que a família inconscientemente transfira seus problemas, frustrações, expectativas para o filho.


Eu sei que talvez seja difícil olhar para você mesma e assumir que pode se beneficiar de uma ajuda profissional. Isso não significa que você esteja doente ou com problemas emocionais. Mas a família é um sistema.


Todos nós trazemos cargas emocionais do passado, sentimento de culpa, autocritica entre outras coisas e sem querer, podemos estar transferindo para os nossos filhos. Não é fraqueza fazer terapia. É coragem de olhar para si, enfrentar seus fantasmas e assim estará ajudando seu filho também.


Se este conteúdo te ajudou de alguma forma, compartilhe com pessoas que podem se beneficiar. E se achar que posso contribuir com você a partir dos atendimentos, entre em contato para agendar uma consulta.


Para conteúdos sobre adolescência e orientação profissional, siga meu instagram https://www.instagram.com/giselepsico_/


Gisele Essoudry

Psicóloga e orientadora profissional

CRP 06118-106

Atendimento presencial e online

Filho em sofrimento mental - Artigo do blog - Gisele Essoudry - Psicóloga

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