"Acho que não tenho vocação para nada!"
Esse pensamento já passou na sua cabeça?
Se sim, não deve ser motivo de preocupação. Isso é muito normal, eu garanto! A maioria das pessoas já passou por isso.
Mas vamos começar pelo começo. O que é vocação afinal?
Vocação vem do latim. É uma palavra que vem do termo voccare, que significa convocar, chamar, escolher. O termo era utilizado antigamente em referência as funções religiosas ligadas a igreja.
Até hoje esse termo carrega um "que" de místico, espiritual, e algumas pessoas relacionam a vocação ao propósito, e também falarei sobre isso no final desse texto!
Trazendo para a atualidade, podemos relacionar a vocação a identificação com uma carreira, um desejo que o indivíduo, ainda muito jovem, expressa por seguir tal caminho e com uma convicção que resiste ao passar dos anos.
Mas não um desejo influenciado por séries que relatam o dia a dia emocionante de médicos socorristas, advogados criminalistas debatendo em uma audiência, policiais, artistas, dançarinos, etc.
Mas sim um sentimento genuíno, um real interesse por determinada profissão. Muitas vezes sem que haja alguém na família que siga essa carreira.
Em algumas áreas como medicina, ensino, sacerdócio, artes, é mais comum que surja a vocação. A vocação é como uma inclinação, habilidade ou facilidade para a área escolhida. Mas isso não significa que não possa aparecer em outras áreas.
Ainda que tenha aparecido esse sentimento de que encontrou a vocação, é recomendável que ao chegar no ensino médio seja observado mais de perto, a fim de evitar enganos na escolha.
É recomendado que a pessoa siga sua vocação na escolha da carreira?
Se for compatível com suas ambições e desejos profissionais seria interessante que sim, mas não necessariamente.
Pois pode conflitar com valores ou preferências pessoais. Por exemplo: a pessoa tem a vocação para trabalhos artísticos, mas, a personalidade dela pede uma atividade profissional mais tradicional que proporcione uma certa segurança.
Lembrando que ela é muito normal que ela tenha interesses e habilidades em outras áreas também.
Nesse caso ela pode usar sua vocação como um hobbie, trabalho paralelo ou voluntário. Eu não aconselho que deixe de lado sua vocação, pois é um meio importante de expressão e de dar vazão a suas inclinações naturais.
Todos temos uma vocação?
Vocação ao pé da letra não. Mas todos temos sim, habilidades, interesses específicos e pontos fortes (talentos) tendendo para determinadas profissões.
Por isso atualmente o processo que ajuda o jovem na escolha se chama "orientação profissional" ao invés de "orientação vocacional" como se falava antes.
Não há em absoluto nenhum problema em não ter aparecido a sua vocação quando jovem, ou que seu filho não tenha sentido nada parecido. E isso não vai impedir a realização profissional de ninguém.
Afinal, a descoberta profissional é resultado do auto conhecimento, e do conhecimento da realidade do mercado, dos cursos e carreiras existentes.
Quero fazer medicina, mas não senti esse "chamado, o despertar" que você chama de vocação.
Não muda na verdade. O que deve ser levado em consideração são seus interesses, habilidades, valores, estilo de vida que você almeja e se você gosta da profissão e se interessa pelo curso.
Lembre-se, a vocação não aparece para todos. E isso não impede que faça uma excelente escolha. A escolha profissional é uma construção resultante de um processo de auto conhecimento e conhecimento do mercado.
Auto conhecimento para fazer a melhor escolha profissional
Conhecer os valores intrínsecos, os pontos fortes, interesses e habilidades, e principais características da personalidade, é fundamental para fazer uma boa escolha profissional.
Parece óbvio, mas definitivamente escolher uma profissão só pensando no retorno financeiro, ou no que está na moda, ou mesmo para atender uma expectativa da família, não é o caminho.
Por exemplo, uma pessoa ambiciosa que busca reconhecimento, tem espírito de liderança, dinamismo, comunicativa e facilidade para negociação dificilmente será realizada fazendo pesquisas em um laboratório ou trabalhando com contabilidade.
E o "propósito", como fica nessa história toda?
O propósito é o sentido que você enxerga no seu trabalho. Sem romanização ou filosofar demais:
1. O propósito pode mudar ao longo da vida
2. Quando se encontra algo que se sinta muito bem realizando, e está usando suas habilidades, sendo útil para as pessoas e tendo retorno financeiro, pode se dizer que está no seu propósito
3. O propósito está conectado a vocação, mas se não encontrou a vocação, pode encontrar o seu propósito de qualquer maneira.
4. Não precisa buscar o propósito. Busque o auto conhecimento. O propósito vem com a caminhada, é uma construção.
5. Lembre-se, não importa se não descobriu sua vocação. Isso não é um problema. Foque em buscar o auto conhecimento. Um processo de orientação profissional bem conduzido traz muitos benefícios inclusive para a saúde mental.
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"O indivíduo saudável deve ser capaz de amar e trabalhar" (S. Freud)
Gisele Ventura Essoudry
Psicóloga e orientadora profissional
Especialista em Saúde Mental UNIFESP
CRP 06118106
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