Auto estima é uma questão de saúde mental. Vejo muita confusão e falta de clareza em torno desse tema. Assim como vejo famílias sofrendo e se sentindo impotentes sem saber como ajudar os filhos.
Acredito que esse conhecimento pode ser de grande valia, pois só a consciência do problema pode levar a busca por uma solução.
Vem comigo?
O que é auto estima afinal?
A auto estima é quando você se aceita e se sente confortável sendo você. O quanto aceita sua história, suas origens e não se sente menos do que as outras pessoas, não se autocritica nem se culpabiliza em excesso, tampouco fica se comparando.
Lembrando que a comparação é normal em certa medida. Desde que não seja excessiva, ou para se colocar para baixo, mas para ter um parâmetro ou mesmo para motivar, impulsionar.
Pessoas que tem boa auto estima sentem menos inveja, são mais seguras, otimistas e não tem o costume de reclamar, nãos se colocam no lugar de vítimas e assumem mais responsabilidade pela sua vida. Focam na solução e não no problema. São mais resilientes e tem menos oscilações emocionais.
É importante compreender que não podemos medir a auto estima na base do 8 ou 80. Todos temos auto estima, a questão é a quão fortalecida ela é. Uma pessoa que tem zero auto estima estaria em um ponto muito deplorável de autodestruição como por exemplo entregue ao vício.
Auto estima e aparência física
Uma boa auto estima não tem relação com a aparência física. O auto cuidado com a saúde e o visual é sim fundamental, afinal, cuidamos do que gostamos. Mas não é o que define autoestima.
A questão é que a auto estima vem de dentro. Se você se sente com pouco valor, entenda que roupas caras e procedimentos estéticos não vão mudar isso.
E o mesmo vale para seu filho (a).
Se a criança ou jovem tem problemas com a aparência, cabe analisar o que está por trás. Não há nade de errado em intervir com algum procedimento, se for necessário, mas é essencial investigar se existem questões internas ou problemas de auto estima, que por sua vez NÃO são corrigidos com procedimentos ou bens materiais.
O risco é virar um ciclo sem fim e o sintoma só vai deslocando até desencadear em uma depressão ou um transtorno. Por exemplo: faz lipo, depois começa a ter problemas com os cabelos ou com peso.
O que não é auto estima
· Se achar melhor do que os outros ou colocar o filho nesse lugar de "você é o melhor".
· Focar excessivamente em si, na sua imagem, nas suas necessidades desconsiderando o outro.
· Ser "popular" ou se sobressair nos esportes e notas
Pessoas com baixa auto estima costumam sofrer mais. Levam tudo para o pessoal, não se acham dignas, podem atrair relacionamentos ruins ou abusivos, tendem a fazer escolhas erradas.
E muitas vezes mesmo alcançando bons resultados, como sucesso acadêmico, financeiro, vencendo competições, estas pessoas não se sentem suficientes, não acreditam no próprio valor.
Embora os bons resultados sim podem trazer autoconfiança e levar a uma melhora na auto estima mas não necessariamente quem tem sucesso acadêmico ou muito amigos tem uma boa auto estima.
Porque as pessoas sofrem com baixa auto estima?
· Super proteção. A pessoa cresce com uma sensação de impotência e incapacidade
·Pais com baixa auto estima tendem a replicar para o filho as próprias crenças de inferioridade
· Crenças limitantes do tipo: "tenho que ser boazinha para os outros gostarem de mim"
· Educação rígida demais, a criança não pode ser ela mesma nem expressar suas próprias ideias
· Experiências anteriores, como sentimento de abandono
· Excesso de auto cobrança, acreditar que tem que ser perfeito
· Mas o principal é como o próprio indivíduo enxerga e interpreta o mundo. E boa parte disso é da própria pessoa, é inato.
Então a culpa é da família? Não. Não é assim!
Se você é mãe, talvez esteja se perguntando se é culpada pelos problemas de auto estima do seu filho. Não se culpe.
Com exceção de mães ou pais perversos ou narcisistas, de modo geral podemos dizer que os pais fazem o melhor que podem com os recursos que tem no momento. E acredito que você fez o melhor que podia com a sabedoria e as condições que tinha.
E também foi criada da forma X, e por sua vez sua ancestralidade também teve suas questões. Não somos perfeitos, estamos aqui para evoluir.
Como fortalecer a sua auto estima e como ajudar seu filho (a)?
É fundamental aprender a reconhecer as pequenas conquistas e valorizá-las, comemore-as mesmo que ainda não alcançou o que almeja
Valorize o esforço e a dedicação mais que o resultado.
Quando você trabalha sua auto estima já está passando exemplo para seu filho (a).
Sempre reforce a ele (a) que é amado (a) independente do seu resultado. Afinal, ele não é uma nota.
Mostre que está junto, está com ele (a) para o que der e vier, mesmo que ele não se abra, mostre se disposta a escutar e ofereça ajuda sem ser invasiva.
Evite elogios vazios, faca elogio com base nas atitudes, nos valores, nas características de personalidade.
Não compare seu filho com outras pessoas e evite você se comparar também.
Não caia na armadilha de se culpar por tudo
Incentive o a fazer algo que goste, uma ou mais atividades extra curriculares.
Não o trate como coitadinho, frágil, vítima. A criança ou jovem precisa se ver como alguém capaz de superar obstáculos.
Minha recomendação final é que busque o auto conhecimento e o desenvolvimento pessoal. A base para a auto estima é um bom auto conhecimento, saber seus valores, seus pontos fortes, interesses, limites e vulnerabilidades. Lembre-se: não existe saúde mental sem auto estima. E remédio nenhum cura a dor de não se aceitar.
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Gisele Essoudry
Psicóloga clínica e orientadora profissional UNIFESP
CRP 06118106
Atendimento Presencial e on-line
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