O que vem em mente quando alguém insiste em se manter em um relacionamento mesmo estando em sofrimento?
Talvez você tenha pensado que pode ser por causa dos filhos, dependência financeira, dificuldade em sair da zona de conforto ou talvez porque ainda haja amor ou algum sentimento.
Mais alguma idéia?
Agora, vamos pensar em uma situação profissional:
Pessoa decepcionada com o novo emprego. Não é nada daquilo que esperava, e bem diferente do que foi combinado na entrevista.
Ambiente hostil, remuneração aquém do mercado, entre outras coisas. Mesmo após insistir por um tempo e verificar que a decepção é legítima, o pedido de demissão é algo fora de cogitação.
Nosso amigo ou amiga sente-se encurralado (a) e em um beco sem saída.
Você pode supor que mediante a crise, necessidade financeira não dá pra se dar ao luxo de pedir demissão.
Com tanta gente precisando de dinheiro, deve ter uma família para sustentar, além do que não se deve esmorecer perante aos obstáculos, temos que ter resiliência, certo?
E se eu disser que neste caso, a pessoa conta com uma reserva financeira já pensada para o caso de desemprego? E que ela já vem buscando uma oportunidade que fosse condizente com seus valores, seu propósito? E que não tem dependentes?
Percebam que há um denominador comum nestas duas situações: a sensação de estar aprisionado (a) em uma situação, como se não houvesse saída.
Estes dois exemplos foram somente para ilustrar, mas existem várias outras situações em que mesmo estando infelizes as pessoas não vêem um meio de sair dela mesmo sendo LIVRES!!!
Não estou falando de prisões reais, de doenças, mas sim situações em que não há nada nem ninguém acorrentando e obrigando a permanecer.
O que tanto aprisiona então?
A VERGONHA!!! O medo de comprometer a imagem, o receio do que as pessoas irão pensar.
Como um sonho, ou melhor, um pesadelo em que pessoas sem rosto em um grande círculo rodeiam a vítima envergonhada e apontando o dedo, zombando e julgando-a.
É triste o contingente de pessoas que se deixa aprisionar por uma fantasia.
As outras pessoas não estão tão preocupadas e interessadas assim. Cada um tem sua própria vida para cuidar. E caso contrário, se a preocupação é com alguém que vive cuidando da vida dos outros, será que é uma preocupação legítima?
Não há nada errado em preservar a própria imagem, ao contrário, devemos cuidar da nossa reputação, afinal, vivemos em uma sociedade, precisamos uns dos outros.
É necessário transmitir confiabilidade, respeito, honestidade, competência, entre outros valores.
Mas estamos falando aqui de algo diferente. A vergonha de expor para a família ou amigos um suposto fracasso. O medo de parecer incompetente, que não soube manter um casamento ou um emprego. Mesmo quando não existe nada real obrigando a manter esta situação.
Triste mesmo é permanecer infeliz sentir-se preso (a) a uma situação somente pelo medo da vergonha.
Gisele Ventura Essoudry
Psicóloga, Coach e Orientadora Profissional
CRP 061181106
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